quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Sobre Poesia

" - A Poesia é muito rara, rapaz.
    É um oásis no deserto no alma,
    e tens que fazê-la transbordar,
    da mesma forma que transborda, agora, teu copo."
         
    (Filósofo/vagabundo/bêbado no Mangueira's Bar sobre minha intenção de ser poeta)

sábado, 27 de agosto de 2011

Sobre Ipês que Florescem no Inverno...

Ela vivia no paraíso cercada por muros onde os ipês floresciam de verão a verão.
Ela sorria pelas manhãs e seus pés eram descansados como as lagoas daquele paraíso particular.
Os Deuses a amavam, ela construía castelos de concreto,
e dançava todas as noites.

Ela era a menina mais bonita.

Ele vivia por aqui e por ali, andava de trem.
Tinha hora marcada, para entrar, para sair.
Para falar a verdade, não achava que aquilo era vida.
Vivia dia após dias sem pensar em si, sem sentir.
Há muito tempo ele já havia tentado, se quebrado.
Ele vivia sem sonhos, sem sono, apesar de todo o cansaço.

Os ipês não floresciam naquela parte da cidade.

O fim não fazia sentido para ela,
afinal para onde vão, depois do fim, os que já estão no paraíso?

Ele se matava todos os dias,
pensava que viveria fodido e morreria sozinho.
Mal sabia ele, que os únicos que podem ver os ipês florescerem,
são aqueles que atravessam o inverno.

Amarelos, rosas e lilases,
Mal sabia ele, que sua vida ainda teria cores, muitas cores.
E talvez ele a chamasse de paraíso, assim como ela.
Talvez ele sorrirá como ela, e descansará sobre as folhas de ipês caídas no chão,
e dali admirará a vida, a copa do ipê, as folhas sobre o chão,
enquanto acarinhará os cabelos dela, de verão a verão.

Mas por enquanto, eles esperam o futuro chegar,
e seguem cumprindo seus papéis;
Ela, a menina paradisíaca...

Ele, apenas mais um cara que tem fé em Deus, que acorda cedo e trabalha todos os dias...

" No paraíso, os ipês florescem de verão a verão.
Eu sei porque, daqui, eu os vejo todos os dias..."

(Anotação do caderno de André Zenh, junho de 1999.)

terça-feira, 23 de agosto de 2011

A Carta

Recebi tua carta hoje.
Com um envelope cheio de selos, e páginas coloridas cheias de amor. Que de alguma forma me fez sentir como se estivesses aqui. Não só pelas palavras que me escreveste, mas também porque é como se ainda pudesse sentir tuas mãos segurando essas folhas, que minhas mãos seguram agora.

Tenho mãos que sentem sede de te tocar.

Recebi tua carta hoje,
E não sei te dizer o que senti ao ler.
Por que quando se trata de nós,
tudo que sinto está além das palavras,
Além do próprio amor,
Além de qualquer coisa...

Pode o amor me trazer de volta pra mim?

domingo, 21 de agosto de 2011

Você Tem Certeza?

Descobri bem cedo que viver não era fácil.
A dúvida que sempre me acompanhou foi outra;
será que viver vale a pena?
Vale?

sábado, 20 de agosto de 2011

Corpo Fechado

Eis a resposta de mais uma de tuas perguntas;
Eu tenho o corpo fechado, meu bem.
Nada entra, nada sai.
Nada pode me tocar.
Nem o mal, nem o bem.
Nem teu mais frio punhal, nem tua mais fervorosa oração.
Apenas eu; minha dádiva e minha maldição.
Por isso meu amor, abaixe tuas armas e guarde tuas preces.
Viver ou morrer, só posso por minhas mãos.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Quando a Liberdade se Confunde com Solidão?

Eu não sou daqui.
E nem acredito que ainda seja de lá.
Eu não sou de lugar nenhum..
Não pense que ser livre é uma dávida, querida.

por que voar às vezes é condenar-se à solidão,
quando todos que tu conheces estão acorrentados ao chão.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Para uma Therese Malfatti...

- Queria poder entrar no teu mundo. Quero descobrir de onde brota essa sua tristeza. Queria entender por que carregas esses túmulos nos olhos. Por que todas tuas palavras sempre soam como despedida?

Elisa sempre me enche de perguntas. A mais inesperada de todas ela fez hoje pela manhã quando, enquanto eu a ajudava no preparo do café, me perguntou se eu a amava. De certa forma eu sabia que ela algum dia iria me perguntar isso, afinal mal posso lembrar a quanto tempo estamos perdidos nesse romance. Mas na hora, a única coisa que me veio a cabeça foi adicionar rum ao café e lhe explicar que o amor não é banal como nós dois. Amor, não tem nada a ver com o fato de eu velar o seu sono, porque simplesmente eu gosto de vê-la dormir. Amor não tem nada a ver com tirar a barba com maior frequência, para não arranhar seu lindo rosto (e como é lindo, principalmente quando ela sorrir, ou se emociona com uma nova canção). Amor não tem qualquer relação com o meu hábito forçadamente-recém-adquirido de fumar na sacada quando ela está em casa, ou esvaziar os cinzeiros antes dela chegar.
Amor não é dividir uma garrafa de vodka por dois.
O amor nada  tem a ver com pessoas banais como nós.

Ela simplesmente acalma meus demônios, e vezenquando me faz esquecer do fim. E eu gosto disso, tanto quanto gosto quando com a doçura de um anjo que descansa sobre as nuvens, seu corpo descansa sobre o meu. Eu gosto do seu abraço, de sentir suas palavras quentes rente à minha boca, sentir seu coração pulsar, gosto da sua pele, do seu cheiro. Gosto do seu suor, do seu calor que arde feito fogo no inferno, exalando desejo e pecado. Gosto do seus olhos, do seu sorriso. Gosto da seu beijo que me devolve para os céus.

Isso nada tem a ver com amor, 
e ela entenderá que tudo isso é algo banal,
que nós somos banais,
no dia que nossas palavras significarem, simplesmente, adeus.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Bilhete

"Para você que caminha sob essa chuva com a beleza de um anjo,
mesmo com essa alma atormentada por tantos demônios.
Para você que me disse certa vez que só o uisque acalma as dores da alma.
Para você que me ensinou que os anjos também sofrem.
Sinta-me em cada gota!
Com carinho,

Elisa"
Foi a única coisa de sobrou daquele louco amor;
Esse bilhete e uma garrafa de Johnnie Walker Green,
Agora vazia ao meu lado.

Talvez um dia eu te escreva algumas linhas sóbrias,
mas por enquanto prefiro ficar aqui, ébrio e sozinho.
Assim,
sem sentir sentir nada.


terça-feira, 24 de maio de 2011

Não. Niguém se Importa.

Desde o fim da tarde a chuva anunciava sua chegada, mas hesitou por muito tempo em chover. Como se estivesse esperando por algo acontecer. Como se estivesse esperando o momento certo para cair, como se esperasse por aqueles dois. E quando eles se encontraram assim, por acaso, na boca da noite ela resolve os unir.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Esquecimento

Ele não sabia quantos feriados aquilo ia durar.
Mas uma coisa era certa; histórias de amor não duram muitos posts, e ele nunca quis que seus pés cruzassem o caminho de ninguém, sempre esteve só de passagem, sem qualquer esperança nos bolsos ou no coração.
Tinha tudo pra ser só mais uma história...
E foi apenas isso.

Isso que ela decidiu ser;
só mais uma...

segunda-feira, 2 de maio de 2011

...

Olho pra trás e vejo como tantas coisas mudaram.
E como certas coisas parecem atemporais.
Ainda me sinto só.
Ainda sou um.
Apenas um na estrada
onde dois não caminham.

E isso parece nunca mudar.
Perdoe-me por isso.
e por todo o resto,
que talvez você nunca entenda.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Minha Mente. Minha só. Mente Minha

  

Eu preciso me salvar.
É só nisso que tenho pensado.
Que eu preciso me salvar.
Às vezes até penso em te contar isso,
Penso em te falar como me sinto...
Assim, desesperadamente, queria te dizer
que eu to cansado de tudo isso!
Que eu to infeliz pra caralho!


Assim, desesperadamente...
como quem precisa se salvar de si...
Como quem quer se salvar do mundo...
Assim,
           desesperada
                                mente...

Sobre a Chuva

Sóbrios,
Sob o mesmo guarda-chuva.
Suas bocas dividem sorrisos, beijos e mentiras.
Seguem
sem perceber que caminham em direção ao precipício.

Ébrio,
Sob essa chuva,
sinto na boca só o sabor de vodka,
Sigo,
observando a loucura desses amantes.

Seguimos;
Eles sempre desejando a beira.
Eu,
sempre contemplando o abismo.
Que no fim do tempo,
Inevitavelmente encontraremos.

No qual eu vou cair sem me importar...
Sem lembrar...
Sem perceber...
Sem sentir...
que todas essas almas caminham sob essa mesma chuva.
Condenadas a mesma solidão.

- Caia chuva!

sábado, 16 de abril de 2011

Sobre a Amizade

Sábado.
Alegria.
Acho que foi isso que senti ao ouvir sua voz no telefone.
Fiquei sorrindo feito idiota, ao desligar.
Mal acreditei que quando ouvi a sua voz amiga.
Lembrei de dias que gostei de viver.
Incrível como temos a capacidade de ascender do inferno aos céus,
pela mais simples felicidade de reecontrar um alma amiga.
Como o mundo é pequeno, penso, permanecemos separados pelo oceano por tanto tempo.
Cada um em busca de seus sonhos,
e pagando o preço por isso.
Perdemos muitos deles pelo caminho.
Mas é bom pensar que mesmo depois de tanto tempo,
mesmo com toda a distância,
hoje vamos celebrar a nossa amizade!

Tenho que sair agora.
Hoje não me sinto só.
Velhos, bons e ébrios amigos, me esperam e não posso deixar a cerveja esquentar!
Pensando bem,
Digam pro Tchê que hoje eu vou de branquinha!


" Hoje sorri como se o Zenh estivesse aqui...
e tudo me pareceu diferente..."

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Sobre o Sorriso Dela...

Ela trabalha muito, todos os dias, assim como eu.
Ela quase não tem tempo para ir ao cinema, conversar com amigos.
Ela quase já não tem amigos, assim como eu.
Ela caminha chutando as pedrinhas sobre a calçada.
E existem dias que seus caminhos estão repletos de pedras, assim como os meus.
E ela acha graça e se diverte com mais pedrinha para chutar.
Ela pára e ficar infinitos minutos feito boba flertando com a lua.
Mas logo se abriga sob seu edredon, pois ela precisa acordar cedo para organizar a sua agenda de reuniões, almoços, empatia.
E antes de pegar no sono ela precisa acalmar seus demônios, assim como eu.
A cada novo dia, ela cumpri sua sina; cumpri obrigações, cumprimenta pessoas, sorri, fingi...
E se quiser dançar terá que marcar uma hora no final de semana, assim como eu.

Vezenquando ela sente uma solidão mendonha nas tardes de domingo,
quando fica sozinha com sua TV.
Vezenquando a noite a apavora e ela não consegue dormir.
Vezenquando ela chora sozinha, e deseja que alguém estivesse ali, assistindo aquele momento de fraqueza.
Vezenquando ela queria contar para alguém que ela não era forte.
Vezenquando ela queria alguém para dividir seus segredos.
Vezenquando ela queria alguém para amar.

Vezenquando ela se sente infeliz... Assim como eu.
Mas com um diferença que me dói:
Ela acredita.

Por isso quando nossos pés tropeçaram do último andar, ela sorriu,
Porque sempre acreditou que podia voar...

terça-feira, 5 de abril de 2011

Dezesseis Anos

 -Ele enlouqueceu...
Ouvi minha mãe falar isso chorando ao abraçar meu pai, instantes antes de eu cair em um sono profundo. Foi a única coisa que entendi, porque naquele momento já via o mundo devagar, embaçado e distante, devido a medicação que me aplicaram minutos antes. Isso aconteceu porque eles não compreenderam aquilo que o que eu tinha feito não ato de puro desespero. Eles não entenderam que na manhã daquele mesmo dia as vozes me ofereceram a sagrada possibilidade de renascimento da alma. Era isso que eu buscava, um recomeço. A chance de me despedir daquele futuro solitário e próximo. O vento me chamou. Não hesitei, me enchi de sentido e otimismo, segurei o revolver, fechei os olhos, disparei contra meu peito com a esperança de matar meu último demônio. Mas antes que a morte pudesse me abençoar, me tiraram a oportunidade de renascer, de conquistar meu pedaço de céu. Eles não entendiam que nada mais me prendia aqui, absolutamente nada, nem dinheiro, nem amor. Era minha busca por vida, eu tentei explicar a eles o que estava acontecendo, mas eles nunca poderiam. Eles eram incapazes de entender o que eu falava, de entender os meus olhos tristes, minha alma profana, as cicatrizes nos pulsos. Eles jamais entenderiam que se fosse pra me tornar cinza, que eu fosse chama e não apenas a matéria consumida.
Eles não perceberam que meus sorrisos me feriam, como tristes punhais. Eles nunca entenderiam que se eu não acabasse com aquela vida, ela acabaria comigo.

Eles não entendem que a minha dor é a dor de não sentir mais nada.

Desconexo e confuso... Assim, como se não fosse...

Eu não sei por que eu caminho pela contramão.
Por que me embriago até vomitar meus lençóis.
Por que tomo pílulas em punhados.
Eu não sei por que vejo a dor salta pelos riscos que faço sobre os pulsos,
E permaneço aqui estático, parado.
Eu não sei por que ainda choro sob a chuva.
Por que ainda rezo pra que um desses raios caia serenamente sobre mim.

Eu não sei por que rasguei todas as cartas.
Por que acordo procurando os cigarros.
Por que o frio transformou em pedra tudo que carrego dentro do peito.
Por que me tranquei no quarto todos esses dias.
Por que estou deixando minha alma s u f o c a r?

Por quê? Eu não sei...

Caminho e me perco atrás de sentido,
afago, prazer, ou a mais simples esperança.
Por muito tempo pensei que precisasse apenas de um abraço.
Sem saber que já era dormente.
E em noites tristes e chuvosas como essa,
Onde não mais faz sentido,
Tudo que as vozes me dizem é:

“Não morra Raphael, não morra!”

quarta-feira, 16 de março de 2011

Sobre Esperar a Iluminação

Hoje acordei quase sem dormi. Levantei e preparei meu chimarrão. E ,do jardim, ainda pude ver estrelas. Fiquei parado até o jornal chegar, e o queimei ali mesmo. Observei manchete por manchete incendiar, enquanto a erva amarga e quente me ajudava vencer o frio. 
Não queria noticias ruins, muito menos pela manhã. Só queria ficar ali, com meu chimarrão, no jardim, com as estrelas, procurando algum sonho pelos bolsos, ou perdido em mim... 
Esperei a chama apagar e caminhei pelo parque à procura de um lugar qualquer onde pudesse sentar, acender um cigarro, e esperar o sol nascer. Vencer a escuridão. 
E fiquei ali, não apenas pra ver a fumaça do meu cigarro ser engolida pela noite, ou pelo amanhecer. 
    Eu só queria estar ali, mais uma vez, perdido em mim....
    Aprendendo a vencer a escuridão.