terça-feira, 11 de junho de 2013

Sobre as Nossas Conversas

- Um lugar?
- Esse, o teu abraço.
- Um medo?
- A solidão e a loucura.
- Era só um. (risos)
- Esses são meus únicos, e são quase uma coisa só. (risos)
- Um desejo?
- Poder te mostrar toda a beleza que a vida me apresentou; os lugares por onde andei e os sentimentos que me trouxeram até aqui.
- Se  pudesses me mostrar, o que eu veria?
- Veria que montanhas amam as vicunhas que ali descansam, da mesma forma que descansas teu corpo sobre o meu, e eu te amo.
- Eu te amo.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

A Brisa é Doce e a Volta é Triste, Disse Ícaro.

Eles se reencontraram em terra,
da qual ela nunca se despediu.
Tão cheia de vida e alegria.
Ele com os olhos cheios de sonhos e sol.
Caído.
Morto.
De volta ao chão.



quarta-feira, 13 de junho de 2012

Sobre o Estrangeiro

"Hesitei em entrar no bar, pois já ultrapassava as três da manhã, a madrugada estava muito fria e eu docemente ébria como ele me disse algum tempo depois, mas Júlia não me deu outra escolha e entramos. O Catacumbas era o nosso bar preferido, sempre sentávamos ao balcão para ouvir as bandas de jazz e blues que eram a atração do lugar. Mas naquela noite, assim que entramos percebi que havia alguém diferente ao piano, nunca tinha ouvido alguém tocar daquela forma. Ele tocava com um leve desespero, e cantava com uma voz mansa, um sotaque distante que entoava uma melancolia tão sincera que tomou conta de todos no bar.

“É primavera
Curam tristezas
Tudo muda demais por aqui
Por onde é que andaras?
Por onde é que andaras?”

Servi-me de um Martini com olhos vidrados naquele pianista de cabelos cacheados, barba por fazer, blazer preto, jeans rasgado, all star e uma alma que parecia está em pedaços. Os outros estavam em total silêncio. Todos pareciam compartilhar do mesmo êxtase. Júlia também não o conhecia, perguntamos ao barman quem era o estrangeiro, mas ele nos disse que era a primeira vez que o via por ali.

Perto da noite
Longe de mim
E eu mal sei onde estou
Cruzei vilas, me perdi
Além das ruas
Nossa historia não mudou...

Por onde é que andaras?
Por onde é que andaras?”

A canção acabou. A plateia o aplaudiu com os corações apertados e ébrios. Ele se levantou, ergueu um copo discretamente em agradecimento. Foi quando pude ver seus olhos hipnóticos, quase diabólicos. Serviu-se de trago, e saiu do bar com o olhar vazio e sem falar com ninguém. No fim parece que a solidão daquele menino numa terra estranha, longe de casa, estava em todos os que o ouviram naquela noite. Muitos o acharam abrasivo por ter saído daquela forma, mas eu achei lindo, profundo, estranho e perigoso. Pedi mais um Martini e fiquei ali por algum tempo cantarolando; “por onde é que andaras? Por onde é que andaras? Só me diga e eu prometo: esse rio descansará...”."

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Sobre Poesia

" - A Poesia é muito rara, rapaz.
    É um oásis no deserto no alma,
    e tens que fazê-la transbordar,
    da mesma forma que transborda, agora, teu copo."
         
    (Filósofo/vagabundo/bêbado no Mangueira's Bar sobre minha intenção de ser poeta)

sábado, 27 de agosto de 2011

Sobre Ipês que Florescem no Inverno...

Ela vivia no paraíso cercada por muros onde os ipês floresciam de verão a verão.
Ela sorria pelas manhãs e seus pés eram descansados como as lagoas daquele paraíso particular.
Os Deuses a amavam, ela construía castelos de concreto,
e dançava todas as noites.

Ela era a menina mais bonita.

Ele vivia por aqui e por ali, andava de trem.
Tinha hora marcada, para entrar, para sair.
Para falar a verdade, não achava que aquilo era vida.
Vivia dia após dias sem pensar em si, sem sentir.
Há muito tempo ele já havia tentado, se quebrado.
Ele vivia sem sonhos, sem sono, apesar de todo o cansaço.

Os ipês não floresciam naquela parte da cidade.

O fim não fazia sentido para ela,
afinal para onde vão, depois do fim, os que já estão no paraíso?

Ele se matava todos os dias,
pensava que viveria fodido e morreria sozinho.
Mal sabia ele, que os únicos que podem ver os ipês florescerem,
são aqueles que atravessam o inverno.

Amarelos, rosas e lilases,
Mal sabia ele, que sua vida ainda teria cores, muitas cores.
E talvez ele a chamasse de paraíso, assim como ela.
Talvez ele sorrirá como ela, e descansará sobre as folhas de ipês caídas no chão,
e dali admirará a vida, a copa do ipê, as folhas sobre o chão,
enquanto acarinhará os cabelos dela, de verão a verão.

Mas por enquanto, eles esperam o futuro chegar,
e seguem cumprindo seus papéis;
Ela, a menina paradisíaca...

Ele, apenas mais um cara que tem fé em Deus, que acorda cedo e trabalha todos os dias...

" No paraíso, os ipês florescem de verão a verão.
Eu sei porque, daqui, eu os vejo todos os dias..."

(Anotação do caderno de André Zenh, junho de 1999.)

terça-feira, 23 de agosto de 2011

A Carta

Recebi tua carta hoje.
Com um envelope cheio de selos, e páginas coloridas cheias de amor. Que de alguma forma me fez sentir como se estivesses aqui. Não só pelas palavras que me escreveste, mas também porque é como se ainda pudesse sentir tuas mãos segurando essas folhas, que minhas mãos seguram agora.

Tenho mãos que sentem sede de te tocar.

Recebi tua carta hoje,
E não sei te dizer o que senti ao ler.
Por que quando se trata de nós,
tudo que sinto está além das palavras,
Além do próprio amor,
Além de qualquer coisa...

Pode o amor me trazer de volta pra mim?

domingo, 21 de agosto de 2011

Você Tem Certeza?

Descobri bem cedo que viver não era fácil.
A dúvida que sempre me acompanhou foi outra;
será que viver vale a pena?
Vale?

sábado, 20 de agosto de 2011

Corpo Fechado

Eis a resposta de mais uma de tuas perguntas;
Eu tenho o corpo fechado, meu bem.
Nada entra, nada sai.
Nada pode me tocar.
Nem o mal, nem o bem.
Nem teu mais frio punhal, nem tua mais fervorosa oração.
Apenas eu; minha dádiva e minha maldição.
Por isso meu amor, abaixe tuas armas e guarde tuas preces.
Viver ou morrer, só posso por minhas mãos.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Quando a Liberdade se Confunde com Solidão?

Eu não sou daqui.
E nem acredito que ainda seja de lá.
Eu não sou de lugar nenhum..
Não pense que ser livre é uma dávida, querida.

por que voar às vezes é condenar-se à solidão,
quando todos que tu conheces estão acorrentados ao chão.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Para uma Therese Malfatti...

- Queria poder entrar no teu mundo. Quero descobrir de onde brota essa sua tristeza. Queria entender por que carregas esses túmulos nos olhos. Por que todas tuas palavras sempre soam como despedida?

Elisa sempre me enche de perguntas. A mais inesperada de todas ela fez hoje pela manhã quando, enquanto eu a ajudava no preparo do café, me perguntou se eu a amava. De certa forma eu sabia que ela algum dia iria me perguntar isso, afinal mal posso lembrar a quanto tempo estamos perdidos nesse romance. Mas na hora, a única coisa que me veio a cabeça foi adicionar rum ao café e lhe explicar que o amor não é banal como nós dois. Amor, não tem nada a ver com o fato de eu velar o seu sono, porque simplesmente eu gosto de vê-la dormir. Amor não tem nada a ver com tirar a barba com maior frequência, para não arranhar seu lindo rosto (e como é lindo, principalmente quando ela sorrir, ou se emociona com uma nova canção). Amor não tem qualquer relação com o meu hábito forçadamente-recém-adquirido de fumar na sacada quando ela está em casa, ou esvaziar os cinzeiros antes dela chegar.
Amor não é dividir uma garrafa de vodka por dois.
O amor nada  tem a ver com pessoas banais como nós.

Ela simplesmente acalma meus demônios, e vezenquando me faz esquecer do fim. E eu gosto disso, tanto quanto gosto quando com a doçura de um anjo que descansa sobre as nuvens, seu corpo descansa sobre o meu. Eu gosto do seu abraço, de sentir suas palavras quentes rente à minha boca, sentir seu coração pulsar, gosto da sua pele, do seu cheiro. Gosto do seu suor, do seu calor que arde feito fogo no inferno, exalando desejo e pecado. Gosto do seus olhos, do seu sorriso. Gosto da seu beijo que me devolve para os céus.

Isso nada tem a ver com amor, 
e ela entenderá que tudo isso é algo banal,
que nós somos banais,
no dia que nossas palavras significarem, simplesmente, adeus.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Bilhete

"Para você que caminha sob essa chuva com a beleza de um anjo,
mesmo com essa alma atormentada por tantos demônios.
Para você que me disse certa vez que só o uisque acalma as dores da alma.
Para você que me ensinou que os anjos também sofrem.
Sinta-me em cada gota!
Com carinho,

Elisa"
Foi a única coisa de sobrou daquele louco amor;
Esse bilhete e uma garrafa de Johnnie Walker Green,
Agora vazia ao meu lado.

Talvez um dia eu te escreva algumas linhas sóbrias,
mas por enquanto prefiro ficar aqui, ébrio e sozinho.
Assim,
sem sentir sentir nada.


terça-feira, 24 de maio de 2011

Não. Niguém se Importa.

Desde o fim da tarde a chuva anunciava sua chegada, mas hesitou por muito tempo em chover. Como se estivesse esperando por algo acontecer. Como se estivesse esperando o momento certo para cair, como se esperasse por aqueles dois. E quando eles se encontraram assim, por acaso, na boca da noite ela resolve os unir.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Esquecimento

Ele não sabia quantos feriados aquilo ia durar.
Mas uma coisa era certa; histórias de amor não duram muitos posts, e ele nunca quis que seus pés cruzassem o caminho de ninguém, sempre esteve só de passagem, sem qualquer esperança nos bolsos ou no coração.
Tinha tudo pra ser só mais uma história...
E foi apenas isso.

Isso que ela decidiu ser;
só mais uma...

segunda-feira, 2 de maio de 2011

...

Olho pra trás e vejo como tantas coisas mudaram.
E como certas coisas parecem atemporais.
Ainda me sinto só.
Ainda sou um.
Apenas um na estrada
onde dois não caminham.

E isso parece nunca mudar.
Perdoe-me por isso.
e por todo o resto,
que talvez você nunca entenda.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Minha Mente. Minha só. Mente Minha

  

Eu preciso me salvar.
É só nisso que tenho pensado.
Que eu preciso me salvar.
Às vezes até penso em te contar isso,
Penso em te falar como me sinto...
Assim, desesperadamente, queria te dizer
que eu to cansado de tudo isso!
Que eu to infeliz pra caralho!


Assim, desesperadamente...
como quem precisa se salvar de si...
Como quem quer se salvar do mundo...
Assim,
           desesperada
                                mente...