quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Perdão, mas a alegria não me inspira

Você sabe como é ter todas suas convicções abaladas, reviradas, postas de cabeça pra baixo? Perceber que a dúvida é a única certeza que restou? Eu estava bem, meu bem. Estava conformado com minha infelicidade, com minha autêntica decadência, com meu talento pra loucura, por não saber o quem ou o que sou, e não dar a mínima para isso. Estava bem, querida. Esperando minha madrugada final, com esperança no peito de ver esse mundo acabar. De bar em bar, com cigarros e uísques baratos. Vezenquando, ouvia brotar de dentro de mim um grito desesperado. Mas nunca quis me resgatar.

Querida, então você aparece e tenta me arrancar essa dor, a minha dor, tão minha que quando não dói, não sou eu. E assim me vejo, outro, um eu bom, um eu tão doce que eu jamais pensaria ser. Tentando ter dias leves, aproveitando essa brisa fresca, pensando em como gosto do seu sorriso, como gosto de me "abandonar folgadamente nos teus braços". De como você me faz voar, me faz ter vontade de me libertar desse casulo escuro, insalubre e triste. Como quero me libertar meu bem, mas eu não consigo. Não é que eu não queira. Odeio a incerteza do amor. A solidão é meu vício e minha certeza.

Meu bem, hoje meu sorriso é sincero.
Mas no fim esse casulo vai me sufocar.


3 comentários:

  1. "Vidas e bebidas fartas, antes que o navio parta outra vez..."

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  2. A solidão é inspiradora, pois é neste momento em que estamos na companhia do vazio, que nos permite ouvir o que a alma tem a nos dizer!
    Que venha a inspiração, mas quem dera que para isso, não fosse necessário sentir a grande dor da solidão. Isto é algo que não quero me viciar certamente...

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  3. ha que colo vc se refere o q falta para vc conseguir se libertar?

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