quarta-feira, 27 de abril de 2011

Minha Mente. Minha só. Mente Minha

  

Eu preciso me salvar.
É só nisso que tenho pensado.
Que eu preciso me salvar.
Às vezes até penso em te contar isso,
Penso em te falar como me sinto...
Assim, desesperadamente, queria te dizer
que eu to cansado de tudo isso!
Que eu to infeliz pra caralho!


Assim, desesperadamente...
como quem precisa se salvar de si...
Como quem quer se salvar do mundo...
Assim,
           desesperada
                                mente...

Sobre a Chuva

Sóbrios,
Sob o mesmo guarda-chuva.
Suas bocas dividem sorrisos, beijos e mentiras.
Seguem
sem perceber que caminham em direção ao precipício.

Ébrio,
Sob essa chuva,
sinto na boca só o sabor de vodka,
Sigo,
observando a loucura desses amantes.

Seguimos;
Eles sempre desejando a beira.
Eu,
sempre contemplando o abismo.
Que no fim do tempo,
Inevitavelmente encontraremos.

No qual eu vou cair sem me importar...
Sem lembrar...
Sem perceber...
Sem sentir...
que todas essas almas caminham sob essa mesma chuva.
Condenadas a mesma solidão.

- Caia chuva!

sábado, 16 de abril de 2011

Sobre a Amizade

Sábado.
Alegria.
Acho que foi isso que senti ao ouvir sua voz no telefone.
Fiquei sorrindo feito idiota, ao desligar.
Mal acreditei que quando ouvi a sua voz amiga.
Lembrei de dias que gostei de viver.
Incrível como temos a capacidade de ascender do inferno aos céus,
pela mais simples felicidade de reecontrar um alma amiga.
Como o mundo é pequeno, penso, permanecemos separados pelo oceano por tanto tempo.
Cada um em busca de seus sonhos,
e pagando o preço por isso.
Perdemos muitos deles pelo caminho.
Mas é bom pensar que mesmo depois de tanto tempo,
mesmo com toda a distância,
hoje vamos celebrar a nossa amizade!

Tenho que sair agora.
Hoje não me sinto só.
Velhos, bons e ébrios amigos, me esperam e não posso deixar a cerveja esquentar!
Pensando bem,
Digam pro Tchê que hoje eu vou de branquinha!


" Hoje sorri como se o Zenh estivesse aqui...
e tudo me pareceu diferente..."

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Sobre o Sorriso Dela...

Ela trabalha muito, todos os dias, assim como eu.
Ela quase não tem tempo para ir ao cinema, conversar com amigos.
Ela quase já não tem amigos, assim como eu.
Ela caminha chutando as pedrinhas sobre a calçada.
E existem dias que seus caminhos estão repletos de pedras, assim como os meus.
E ela acha graça e se diverte com mais pedrinha para chutar.
Ela pára e ficar infinitos minutos feito boba flertando com a lua.
Mas logo se abriga sob seu edredon, pois ela precisa acordar cedo para organizar a sua agenda de reuniões, almoços, empatia.
E antes de pegar no sono ela precisa acalmar seus demônios, assim como eu.
A cada novo dia, ela cumpri sua sina; cumpri obrigações, cumprimenta pessoas, sorri, fingi...
E se quiser dançar terá que marcar uma hora no final de semana, assim como eu.

Vezenquando ela sente uma solidão mendonha nas tardes de domingo,
quando fica sozinha com sua TV.
Vezenquando a noite a apavora e ela não consegue dormir.
Vezenquando ela chora sozinha, e deseja que alguém estivesse ali, assistindo aquele momento de fraqueza.
Vezenquando ela queria contar para alguém que ela não era forte.
Vezenquando ela queria alguém para dividir seus segredos.
Vezenquando ela queria alguém para amar.

Vezenquando ela se sente infeliz... Assim como eu.
Mas com um diferença que me dói:
Ela acredita.

Por isso quando nossos pés tropeçaram do último andar, ela sorriu,
Porque sempre acreditou que podia voar...

terça-feira, 5 de abril de 2011

Dezesseis Anos

 -Ele enlouqueceu...
Ouvi minha mãe falar isso chorando ao abraçar meu pai, instantes antes de eu cair em um sono profundo. Foi a única coisa que entendi, porque naquele momento já via o mundo devagar, embaçado e distante, devido a medicação que me aplicaram minutos antes. Isso aconteceu porque eles não compreenderam aquilo que o que eu tinha feito não ato de puro desespero. Eles não entenderam que na manhã daquele mesmo dia as vozes me ofereceram a sagrada possibilidade de renascimento da alma. Era isso que eu buscava, um recomeço. A chance de me despedir daquele futuro solitário e próximo. O vento me chamou. Não hesitei, me enchi de sentido e otimismo, segurei o revolver, fechei os olhos, disparei contra meu peito com a esperança de matar meu último demônio. Mas antes que a morte pudesse me abençoar, me tiraram a oportunidade de renascer, de conquistar meu pedaço de céu. Eles não entendiam que nada mais me prendia aqui, absolutamente nada, nem dinheiro, nem amor. Era minha busca por vida, eu tentei explicar a eles o que estava acontecendo, mas eles nunca poderiam. Eles eram incapazes de entender o que eu falava, de entender os meus olhos tristes, minha alma profana, as cicatrizes nos pulsos. Eles jamais entenderiam que se fosse pra me tornar cinza, que eu fosse chama e não apenas a matéria consumida.
Eles não perceberam que meus sorrisos me feriam, como tristes punhais. Eles nunca entenderiam que se eu não acabasse com aquela vida, ela acabaria comigo.

Eles não entendem que a minha dor é a dor de não sentir mais nada.

Desconexo e confuso... Assim, como se não fosse...

Eu não sei por que eu caminho pela contramão.
Por que me embriago até vomitar meus lençóis.
Por que tomo pílulas em punhados.
Eu não sei por que vejo a dor salta pelos riscos que faço sobre os pulsos,
E permaneço aqui estático, parado.
Eu não sei por que ainda choro sob a chuva.
Por que ainda rezo pra que um desses raios caia serenamente sobre mim.

Eu não sei por que rasguei todas as cartas.
Por que acordo procurando os cigarros.
Por que o frio transformou em pedra tudo que carrego dentro do peito.
Por que me tranquei no quarto todos esses dias.
Por que estou deixando minha alma s u f o c a r?

Por quê? Eu não sei...

Caminho e me perco atrás de sentido,
afago, prazer, ou a mais simples esperança.
Por muito tempo pensei que precisasse apenas de um abraço.
Sem saber que já era dormente.
E em noites tristes e chuvosas como essa,
Onde não mais faz sentido,
Tudo que as vozes me dizem é:

“Não morra Raphael, não morra!”